Daki Semiárido Vivo
CAÑERA INTA: DESIGN COLABORATIVO, DESENVOLVIMENTO E LICENCIAMENTO PARA A PRODUÇÃO DE UMA COLHEDORA DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A AGRICULTURA FAMILIAR EM TUCUMÁN
Em 2002, o governo da província de Tucumán, Argentina, promoveu uma série de medidas para aumentar a competitividade da agroindústria açucareira e produzir de acordo com padrões internacionais de sustentabilidade socioambiental. A implementação de sistemas de gestão de qualidade e a produção limpa foram os eixos principais da política pública provincial. As mudanças no setor do agronegócio foram acompanhadas de medidas ecológicas como a proibição da queima de canaviais, que afetou o sistema de colheita. Essa medida trouxe dificuldades, em especial para cerca de 5 mil pequenos(as) agricultores(as) de cana-de-açúcar que não contavam com alternativas produtivas, maquinário e desenvolvimento tecnológico adequados às suas necessidades, nem com o poder aquisitivo para responder às novas medidas político-normativas.
Diante da problemática da agricultura familiar, o INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária) e outros órgãos públicos propuseram o desenvolvimento de uma máquina de pequeno porte para a colheita da cana ainda verde, denominada “Cañera INTA”. Esta mecanização da colheita devia resolver o problema ambiental e o tecno-produtivo. No entanto, as mudanças de política pública nacional geraram dificuldades no processo de produção em escala desse maquinário.
Nesta sistematização é feita uma reconstituição da trajetória da colhedora de cana verde para pequenos(as) produtores(as) de cana-de-açúcar entre 2006 e 2017. A abordagem metodológica usada é baseada em entrevistas e fontes secundárias como documentos oficiais, notícias e vídeos sobre o processo deste caso (Juarez, 2021). No trabalho é abordado o papel do Estado na projeção (design), produção e acesso às tecnologias adequadas às organizações camponesas e indígenas. Em particular, busca-se destacar a importância das patentes e dos licenciamentos nos processos de inovação.