Daki Semiárido Vivo
Terceira oficina de jovens dos semiáridos tem como tema a auto-organização
“Auto-organização das juventudes para resistência e permanência no campo: desafios e avanços”. Esse foi o tema da terceira edição das oficinas virtuais do 3º Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima, do projeto DAKI – Semiárido Vivo.
Durante o encontro, grupos de juventudes de três semiáridos latinoamericanos foram convidados a compartilharem suas experiências de auto-organização. O grupo de Honduras, composto por jovens de diferentes partes do país, vem protagonizando ações de seus interesses dentro das atividades comunitárias de gestão das sementes, agricultura e apicultura. “Possuímos mais de 10 reservas estratégicas de sementes crioulas. Além de hortas comunitárias com diferentes plantas medicinais, trigo e mandioca,”, se orgulhou Frances Meza durante a apresentação.
O Grupo de Trabalho de Juventudes da Articulação do Semiárido Brasileirio (ASA) do estado da Paraíba também compartilhou sua experiência, representando o Semiárido brasileiro. O coletivo reúne jovens agricultores de sete territórios distintos. Eles e elas participam de debates temáticos dentro de suas organizações e têm participado de intercâmbios com juventudes de outros estados do Brasil e de outros países.
Um dos grandes desafios e pautas levantados pelo GT da Paraíba é a invasão de seus territórios agroecológicos pelos grandes parques eólicos, destruindo a biodiversidade – comentou Petrúcia, representante do coletivo. Além dessa ameaça, o coletivo tem se aprofundado em temas como feminismo, educação contextualizada, cultura, agroecologia, comunidades tradicionais, racismo, homofobia, comunicação popular e outros. Apesar de realizarem reuniões presenciais e virtuais regularmente, reclamam da falta de recursos para se encontrarem.
Do Grande Chaco Americano, Flores representou o semiárido do Paraguay. O grupo de jovens do qual faz parte trabalha em conjunto com a Fundación Hugo e com famílias em comunidades. Flores destacou a importância da troca de conhecimento intergeracional: “aprendemos a seguir com os passos dos nossos avós e pais que fazem o trabalho dia a dia”. A jovem destacou como seus antepassados vem há anos cuidando dos bosques para garantir que tenhamos um bom clima nos territórios. Apesar deste esforço comunitário, denunciou que atualmente eles vêm sofrendo com as mudanças do clima, com secas e inundações.
Agroecologia e a defesa dos bens comuns
Durante a oficina, grupos formados por estados dentro de cada país também se apresentaram, explicando como vem fortalecendo as práticas agroecológicas dentro de suas regiões. Veja abaixo o que dizem jovens de diferentes Semiáridos da América Latina.
Juventudes de El Salvador
“Somos uma juventude preocupada com o meio ambiente. Tínhamos muitas florestas e hoje temos muitas áreas comerciais. O que é principal na nossa vida é lutar contra as mudanças climáticas e a degradação ambiental”, explicou Michele representando o grupo de jovens de diferentes partes de El Salvador,
Eles atuam em conjunto com as organizações Let’s Grow El Salvador e Let’s Do It El Salvador, desenvolvendo atividades de capacitação da equipe; investigação de técnicas agroecológicas, como compostagem e realização de canteiros nas zonas urbanas e rurais; além de fazerem divulgação destas técnicas nas comunidades.
Juventudes da Argentina
“Defendemos nossos territórios, a forma de vida, a água, a produção agroecológica amigável, e suas culturas”, contaram os jovens do chaco argentino. Eles fazem parte de organizações de base camponesas com incidência regional e nacional e realizam práticas agroecológicas, produzem seus alimentos, criam animais e comercializam artesanato. Trouxeram a música Latinoamerica de Calle 13 para compartilhar com os colegas.
Juventudes do Corredor Seco Centroamericano
“Unidos pela conservação da nossa casa comum: a Terra”, assim se definiram os jovens de diferentes lugares do Corredor Seco. Eles e elas acreditam que é preciso trabalhar com uma visão racional e auto-sustentável. Querem fortalecer as técnicas agroecológicas, capacitar os grupos e melhorar o intercâmbio de conhecimentos intergeracionais.
Juventude da Bahia, Brasil
A juventude baiana, do Brasil, trouxe como tema central a diversidade cultural. A partir do poemas de cordel, destacaram o associativismo, a produção agroecológica, as atividades de pastoreio, o cuidado com as sementes crioulas e a apicultura. Os jovens defendem a educação contextualizada, aquela voltada para a lógica camponesa.
Juventude de Minas Gerais, Brasil
O grupo de jovens de Minas Gerais se entendem como filhos de camponeses atuantes em suas comunidades rurais. Atuam no movimento das Escolas Família Agrícola (EFA) como forma de educação contextualizada e acreditam nela como pilar principal para a defesa da agroecologia. Defendem o bem estar, os direitos da juventude, segurança e soberania alimentar, acesso à água e a terra. Também recomendaram uma música para os colegas.
Juventudes da Guatemala
Os jovens do Comité Campesino del Altiplano (CCDA), são maias e camponeses. Se entendem como guardiões da mãe Terra e utilizam técnicas ancestrais de plantação para fazer uma agricultura ecologicamente correta. Defendem que os cultivos tem seu tempo e que devemos respeitá-lo. Acreditam na agroecologia como uma disciplina que deve ser adotada em outras regiões.