Jovens das regiões semiáridas da América Latina enfrentam a crise climática com coragem

Segundo taller de DAKI - Juventudes
Jovens das regiões semiáridas da América Latina discutiram modelos agroecológicos para autonomia e segurança alimentar na segunda oficina DAKI-Juventude.

Diante da grave crise climática, os jovens produtores das áreas rurais das regiões semiáridas da América Latina estão enfrentando enormes desafios, pois não têm oportunidades suficientes de autoaperfeiçoamento.A segunda oficina do 3º Programa de Formação DAKI-Juventude abordou o tema da agroecologia e das alternativas de desenvolvimento para os jovens. A sessão discutiu um estilo de vida baseado em um modelo agroecológico, que permite que os jovens permaneçam no campo e gerem sua autonomia por meio da resiliência climática e da segurança alimentar.

Comissão da Juventude de Pernambuco no Brasil

Para a Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia – Pernambuco (CJMA), a agroecologia e a autonomia são algo que se constrói; é a capacidade de governar por seus próprios meios. No entanto, um dos maiores obstáculos para alcançar a verdadeira autonomia é a falta de terra. “Às vezes, quando estamos com nossa terra e nossas famílias, trabalhamos, mas não temos o direito”, disse Tatiane Faustino, representante da CJMA e graduada em agroecologia. 

Os jovens de Pernambuco sabem que é um desafio gerar renda. Por isso, eles agem coletivamente, unem forças e criam espaços seguros para o desenvolvimento da comunidade. Eles constroem espaços para reunir os produtos e artesanatos feitos por todos os membros da CJMA. 

Além disso, o coletivo realiza um conjunto de ações de luta organizada, segurança alimentar, renda, participação social e política para os jovens. Para o CJMA, a ciência, a prática e a academia são fundamentais para os processos de desenvolvimento e autonomia dos jovens. Seu papel em Pernambuco é incentivar projetos de vida cheios de sonhos e com uma identidade camponesa. 

“Estamos construindo autonomia e defesa política com base na agroecologia há 17 anos. São 150 jovens envolvidos diretamente, 300 envolvidos indiretamente com trabalho voluntário. Temos palestras, rodadas de estudo sobre vários tópicos; um tópico importante é a diversidade dos jovens nas áreas rurais. Também realizamos debates em escolas relacionados a questões ambientais, participamos de feiras agroecológicas, solidárias e de agricultura familiar”, explicou Faustino.

Legenda: Jovens multiplicadores realizam feiras agroecológicas para comercializar seus produtos na comunidade.

Associação Agroecológica MERAKI de El Salvador

Para a associação MERAKI, a reconstrução de áreas verdes é uma tarefa justa, que proporciona uma melhor qualidade de vida. Além disso, eles promovem a igualdade social por meio de hortas familiares e treinamento em agricultura regenerativa, o que permite que as pessoas nas áreas rurais tenham uma melhor qualidade de vida.  

“Atualmente, estamos em segundo lugar em um projeto de reflorestamento, em mapeamento digital. A maior satisfação é que as comunidades nos recebem com alegria. Nós capacitamos as comunidades para que as pessoas tenham autonomia para decidir o que é bom e o que não é. Nosso objetivo é sermos agentes de mudança. Vamos a escolas e oficinas para ensinar os jovens a fazer agricultura”, disse Raul Alberto Monroy, representante da MERAKI. 

Legenda: Para MERAKI, a agroecologia é uma forma de agir com base na justiça social e na igualdade, tendo a oportunidade de produzir seu próprio alimento e de poder decidir por si mesmo.

Grupo de Jovens Gancedo – Grande Chaco Americano 

Juliana Ibáñez e Ismael Cárdenas são dois jovens chacoenses e produtores. No campo, eles tiveram a oportunidade de aprender a praticar a agricultura familiar e estão organizados como um coletivo para unir forças com os jovens de suas comunidades. “Eles têm incorporado os jovens e trabalhado em diferentes questões”, disse Ibáñez. 

Com sua organização, eles aprenderam a importância do reflorestamento e como a vegetação é fundamental para o processo de polinização e para a geração de mel. Além disso, eles se especializaram em trabalhar em hortas comunitárias para vender vegetais na comunidade, construir galinheiros para a produção de ovos, alimentar animais de fazenda e técnicas de marketing. Sem dúvida, o grupo de jovens de Gancedo é um exemplo de empreendedorismo juvenil em favor da autonomia! 

Reflexões sobre agroecologia 

Durante a oficina de Agroecologia e Autonomia para Jovens do DAKI – Semiárido Vivo houve um espaço para reflexões de Renata Menezas, que é membro do coletivo nacional de jovens no Brasil: 

“Gostaria de dizer o quanto a agroecologia é importante principalmente nesse momento em que estamos vivendo uma profunda crise ambiental, o papel dessa agricultura que é pensada na família, a construção com a fauna, a flora e a cultura local, coisas que devem ser valorizadas. A agroecologia não é só agricultura, ela fortalece os jovens e a cultura alimentar local. O conhecimento ancestral e camponês baseado na identidade. Cultivo de alimentos e ideias, falando de um ponto de vista agroecológico, nós consumimos ideias”, disse Menezas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *