Daki Semiárido Vivo
Sobre o conhecimento: Por uma agricultora negra latinoamericana
Há 29 anos, no dia 25 de julho, foi realizado o primeiro encontro de mulheres negras latinoamericanas e caribenhas, reunindo mulheres de 32 países em Santo Domingo (República Dominicana). A partir deste momento, surge a Rede de Mulheres Negras Latinoamericana e Caribenhas, como espaço de articulação regional e plataforma de denúncia, intercâmbio e reflexão.
A comemoração deste dia nos convida a problematizar, a partir dos espaços de debate político e social, a diversidade da nossa região, incorporando perspectivas intersetoriais e descolonialistas que valorizam as lutas que muitas vezes são silenciadas e excluídas das mulheres, revisando as diferentes formas de discriminação racial, patriarcal e de classe que continuam a se reproduzir contra elas.
Nesta linha, resgatamos que o projeto DAKI Semarido Vivo é na sua essência uma iniciativa de construção e gestão do conhecimento, mas também um espaço de troca e incidência política. Portanto, a participação de mulheres, tanto agricultoras familiares e campesinas, quanto técnicas, nos espaços de aprendizagem planejados é de grande importância, garantindo-lhes 50% das cotas para que possam contribuir a partir de suas visões e experiências para o processo de troca de seus lugares e contextos.
Para encerrar, tomamos as palavras de Silvanete Lermen, negra, mãe de 4 filhos, agricultora agroflorestal e benzedeira da Comunidade Agrodóia (município de Exú, Pernambuco, Brasil):
“O que o conhecimento significa para mim? Conhecimento é poder. E esse poder e esse conhecimento me dão autonomia. Autonomia da voz. Essa voz é essencial para lutar pelo que mais acredito. Acredito muito na vida, acredito no fortalecimento das pessoas. Acredito na resistência social e popular. Mas acredito que a resistência e a mobilização só ocorrem quando você tem uma história para contar. Quando você tem tudo isso em suas mãos, você tem força”