Daki Semiárido Vivo
Quintais produtivos são tema do 3º Encontro de Troca de Saberes
Grupo de mulheres do Sertão do Apodi apresentam plano de fortalecimento dos quintais produtivos a partir do manejo de aves caipiras
Cinquenta estudantes e tutoras do 1º Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima participaram, nesta terça-feira (01/11/22), do encontro de troca de saberes com o tema: “Fortalecimento dos quintais produtivos a partir da organização dos grupos de mulheres”.
Os encontros fazem parte da Etapa Território do programa de formação e sua 3ª edição foi organizada pela tutora Iracema Maniele e pelo “Grupo de Mulheres Juntas Venceremos” do Assentamento Agrovila Palmares, no Sertão do Apodi, estado do Rio Grande do Norte.
Na ocasião, o grupo de mulheres apresentou o plano de desenvolvimento dos quintais produtivos, ancorado em atividades de fortalecimento e valorização interna do coletivo e na implementação do manejo de aves caipiras.
Para Ivi Aliana, do Centro Feminista 8 de Março, as mulheres têm um protagonismo importante na região. “É uma comunidade que luta contra o projeto da morte na Chapada do Apodi. Elas já tiveram suas terras sob ameaça de desapropriação e lutaram em sua defesa. E o Assentamento Agrovila Palmares é uma comunidade que se fortalece em conjunto com a Comissão de Mulheres do Sertão do Apodi”.
Ciranda das Mulheres Sábias
As 10 mulheres, que fazem parte da iniciativa, realizaram três encontros entre setembro e outubro. Neles, discutiram o projeto prático de implementação da criação de aves, seus processos, insumos necessários, e também separaram tempo para leitura, reflexão e dinâmicas de auto valorização.
Dialogando com essa metodologia, a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laetícia Jalil e participante do encontro, comentou sobre “a importância do Projeto DAKI – Semiárido Vivo reconhecer o papel do gênero na Agricultura Resiliente ao Clima no Semiárido”.
Para ela, devemos sempre ressaltar que os quintais produtivos são espaços de trabalho das mulheres e de produção de conhecimento. “Precisamos pensar juntas sobre o que conecta essa diversidade de mulheres. Fazer agricultura para uma mulher Fundo de Pasto é diferente de para uma mulher assentada, o que fica claro quando vemos o mapa da comunidade [Assentamento Agrovila Palmares] em que foi implantado um modelo de vilas de reforma agrária. A ideia de quintal é diferente em cada contexto e nem sempre está ao redor da casa. Por outro lado, temos coisas que nos aproximam. O quintal é um espaço do conhecimento das mulheres, é um espaço agro biodiverso, de soberania alimentar. É um espaço de trabalho e protagonismo das mulheres”, comentou.
Etapa território: encontros de trocas de saberes
Os Encontros de Troca de Saberes foram criados de forma autônoma pelas/pelos estudantes e tutoras brasileiros durante a Etapa Território do 1º Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima. Após a conclusão da Etapa Curso, estruturada a partir das aulas e de conteúdos didáticos, as e os estudantes têm o desafio de desenvolver planos de agricultura resilientes ao clima em seus territórios.
Os encontros foram criados, então, como espaço para compartilhar estes planos com colegas de outras regiões e incentivar as comunidades que ainda estão estruturando suas ações. Em sua 1ª edição, a comunidade Carneira Veríssimo, do Estado da Paraíba trouxe como tema as “Sementes e as espécies crioulas e nativas”. Já na 2ª edição, o Território do Sisal, no estado da Bahia, trouxe o tema de “Manejo dos solos” como forma de enfrentamento dos processos de erosão.