STTR de Apodi dá as boas vindas ao intercâmbio DAKI – Semiárido Vivo

Começa hoje o intercâmbio entre semiáridos latino-americanos em Apodi, sertão do Rio Grande do Norte. O evento vai até o dia 8 de agosto e recebe cerca de 40 agricultores/as, técnicos/as, representantes do poder público e organizações da sociedade civil para conhecerem experiências de Agricultura Resiliente ao Clima e de Convivência com o Semiárido. 

A atividade faz parte do 2º Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima, do projeto DAKI – Semiárido Vivo e teve uma edição no Chaco argentino e outra no Corredor Seco Centroamericano. O Semiárido brasileiro terá outras duas edições além da potiguar: uma em Juazeiro, Bahia, e outra em Sobral, no Ceará. 

Mesa de abertura

O primeiro dia (31) é de acolhida dos participantes, que chegam da Argentina, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e de outras localidades do próprio Rio Grande do Norte. O evento teve início com uma mesa de diálogos no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Apodi

Trio de Forró Altos Tons fazendo a acolhida dos participantes.

Agnaldo Fernandes, presidente da entidade, deu as boas vindas aos presentes e felicitou as experiências de sucesso da agricultura familiar que serão visitadas nos próximos dias. “Este território não é lugar de agronegócio, não é lugar de energia eólica. É lugar de agroecologia”, bradou o sindicalista. 

Hesteolívia, assessora política pedagógica de Diaconia, organização que atua na região, lembrou que os intercâmbios são momentos de conhecer potencialidades, mas também as fragilidades. 

Na mesma linha, Nilton Júnior, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Mossoró, comentou sobre as pressões que o território potiguar vem sofrendo “Nós aqui na Chapada de Apodi estamos sofrendo com a expansão do agronegócio, parques eólicos, fumicultura, que estão sufocando as comunidades agroecológicas”. 

A ideia desses encontros de agricultores, que estão no coração da metodologia da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), uma das executoras do projeto DAKI, é justamente identificar experiências inovadoras de convivência com o semiárido, contribuir para que elas possam ser desenvolvidas e replicadas numa escala de políticas públicas.

Mulheres e organização popular

Durante a mesa de abertura, Rejane Medeiros coordenadora do Centro Feminista 8 de Março (CF8) e da ASA Potiguar, comentou sobre a importância da organização das mulheres no Rio Grande do Norte. Durante a gira, serão visitadas experiências como a rede de Xique Xique, que possui um sistema de certificação orgânica e comercialização sem atravessadores em Mossoró e do grupo de hortas de mulheres do Assentamento São José, no município de Caraúbas. Além da agricultora Nitinha, do assentamento Esperança no município de Governador Dix-Sept Rosado, que utiliza a diversificação produtiva como estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas. 

Rejane Medeiros, CF8 e ASA/RN

Mudanças Climáticas

Outro ponto importante na mesa de abertura foram as mudanças climáticas. Os agricultores e agricultoras do Semiárido brasileiro têm contribuído, há séculos, para a preservação da Caatinga, do Cerrado, das águas do solo e para a produção de alimentos. O DAKI – Semiárido Vivo é um projeto que potencializa este saber e apoia o intercâmbio de conhecimentos Sul – Sul. 

Marcírio Lemos coordenador de Agroecologia e Convivência com o Semiárido da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF), durante a mesa de abertura, falou sobre a importância do poder público no enfrentamento às mudanças climáticas. “A Sedraf está fazendo o debate sobre os impactos que o Semiárido do Rio Grande do Norte vai sofrer em relação às mudanças climáticas, especialmente relativo ao El Niño. A gente está procurando entender o impacto na vida do agricultor para que a gente possa construir propostas junto à sociedade civil”. 

Marcírio Lemos coordenador de Agroecologia e Convivência com o Semiárido da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF)

Golinha, guardião de sementes, que hoje tem sobre seus cuidados mais de 600 espécies no banco de sementes que abriga em sua casa, trouxe um cordel sobre a alimentação de qualidade:

A parte da tarde foi dedicada à apresentação do território a ser visitado. Confira a programação completa do intercâmbio DAKI – Semiárido Vivo.

Programação

Seis dias do intercâmbio serão dedicados a visitas de campo, com experiências de agricultura familiar, iniciativas de comercialização e preservação da Caatinga, de organização de mulheres, dentre outras. 

31/07 SindicatoAbertura e acolhida.HotelApresentação dos participantes e territórios a serem visitados
1/08Município: Apodi1. Agrovila Palmares – Sueli: quintal produtivo, criação de animais, reúso de água,  algodão agroecológico.Almoço em Apodi2. Unidade de beneficiamento de polpas de frutas (COOPAPI – Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Rural Sustentável) + Budega Terra Viva 
02/08Município:  Governador Dix-Sept Rosado 1. Assentamento Esperança -Nitinha:  fogão agroecológico, reúso de água e algodão agroecológico Município: Caraúbas Almoço no Assentamento São José2. Grupo de Mulheres e Jovens (Assentamento São José): hortaliças, mudas e apicultura 
03/08Município: Mossoró 1. Rede Xique Xique – cooperativa e comercialização Almoço na Budega da Rede Xique XiqueMunicípio: Tibau 2. Parque eólico 
04/08HotelManhãReflexão em Grupo dos Intercâmbios + Plenária Reflexão em Grupos territoriaisTardePlenáriaEncaminhamentosAvaliação Encerramento + Mística 
05/08Descanso.
06/08ManhãMunicípio:  Apodi1. Parque Arqueológico Lajedo de Soledade Almoço em Apodi2. Golinha: guardião de sementes
07/08Município: Santa Rosa1. Arroz Vermelho – Jean e Jeová Município: ApodiAlmoço em Apodi2. Comunidade Carnaúba Seca (Leomar, jovem agrônomo): Sistema de Agrofloresta, banco de sementes familiar, hortaliças orgânicas, preservação da Caatinga  venda por delivery e feira da agricultura familiar.
08/08Município: AçuAna – sementes, quintal,  segunda água, viveiro de mudas

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