Corredor Seco: Agroflorestas como resposta à conservação e cuidado ambiental

Por: Nathalie Trabanino

Propriedade de Los Ramírez, departamento de Usulután, município de Berlín, El Salvador | Foto: Nathalie Trabanino

Não é surpresa que as temperaturas globais tenham subido consideravelmente nos últimos anos. Como resultado, variações na mudança climática trouxeram fenômenos que são prejudiciais à agricultura. Secas longas, escassez de água e inundações tornam as culturas vulneráveis, causando perdas irreparáveis. Diante da difícil situação enfrentada pelos agricultores em áreas secas, uma alternativa que tem funcionado é optar por sistemas agroflorestais que permitam a conservação tanto de espécies animais quanto vegetais.

Através de culturas e insumos naturais produzidos em um sistema agroflorestal, até mesmo as pessoas podem cuidar de sua saúde com os alimentos que elas mesmas produzem. A ideia é criar um ecossistema no qual todas as espécies (tanto animais quanto vegetais) sobrevivam de inverno a verão.

Para alcançar um modelo agroflorestal, é importante utilizar insumos que ocorrem na própria natureza, tais como fertilizantes orgânicos, que podem ser preparados a partir de microorganismos de montanha, folhas secas ou esterco.

Em outras palavras, deve-se evitar o uso de agroquímicos que alteram o PH do solo e o deterioram. Além disso, os animais e as pessoas que vivem juntos no mesmo espaço podem ser alimentados com produtos orgânicos gerados pelo próprio solo.

“Nós alimentamos os animais organicamente, preparamos uma mistura de farinha, misturada com microorganismos. Eu também lhes dou o que está aqui no ecossistema, o que nós cultivamos”, explica Luz de Castellanos, produtora orgânica do Corredor Seco e habitante de Usulután, Berlín, El Salvador.

Através de sistemas agroflorestais, podem ser reutilizados insumos que ajudam a conservar outros elementos, como fertilizantes orgânicos e o uso da planta Ninfa, que serve tanto para conservar água em reservatórios quanto para alimentar peixes.

Segundo a Fundação para o Desenvolvimento Socioeconômico e Restauração Ambiental (FUNDESYRAM) e os autores Ángela Milena Ortiz Guerrero, Lorena Dayana Riascos Chalapud, existem 3 tipos de sistemas agroflorestais:

– Sistemas agroflorestais sequenciais: Neste tipo, os componentes apresentam uma relação cronológica entre as colheitas anuais e os produtos das árvores, ou seja, as colheitas anuais e as plantações de árvores se sucedem no tempo. Em sistemas taungya e agricultura mutável.

– Sistemas agroflorestais simultâneos: consistem na associação simultânea e contínua de culturas anuais ou perenes, madeira, árvores frutíferas ou polivalentes, e/ou gado. Estes sistemas incluem associações de árvores com culturas anuais ou perenes, hortas caseiras mistas e sistemas agroflorestais.

– Sistemas agroflorestais de cercas vivas e quebra-ventos: São fileiras de árvores usadas para delimitar propriedades ou servir de proteção para outros componentes ou outros sistemas e são consideradas como sistemas complementares aos sistemas citados acima.

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