Relatoria gráfica das sínteses das três regiões semiáridas da América Latina. Por Ideia Clara
29 de setembro de 2022

Organizações da sociedade civil de três regiões semiáridas da América Latina se reuniram virtualmente no dia 28 de setembro de 2022 para partilhar os aprendizados e celebrar a finalização de 10 estudos de casos. Realizados com o emprego do método Lume de análise econômica e ecológica, os estudos buscaram compreender e analisar a sustentabilidade dos agroecossistemas e a capacidade de resposta das redes territoriais às mudanças climáticas. 

O seminário e a pesquisa ocorreram, com participação da AS-PTA, no âmbito do Projeto DAKI – Semiárido Vivo, que possui como um de seus pilares a sistematização de conhecimentos e tecnologias que impulsionam a convivência com o Semiárido. 

Os estudos de caso e o método Lume

O estudo compreendeu duas etapas principais, sendo a primeira marcada por um mergulho nas trajetórias de transformação de 10 agroecossistemas (5 no Brasil, 2 na Argentina, 1 no Paraguai, 1 em Honduras e 1 em El Salvador) para conhecer suas atuais formas de organização e refletir sobre os atributos de sustentabilidade de cada um deles.. 

Ao analisar, de forma participativa, as famílias a sua autonomia, a capacidade de resposta das mesmas ao eventos, o nível de  integração social, o protagonismo de mulheres e das juventudes, foi possível compreender como elas têm sido capazes de construir autonomia e emancipação econômica, à margem dos circuitos dominantes. 

Na segunda etapa, a análise teve foco na escala territorial onde cada uma das 10 experiências estudadas na primeira fase foram referenciadas geograficamente. Os territórios foram analisados a partir de cinco parâmetros: bens naturais (capital fundiário e ecológico), organização (capital social), conhecimento e dinâmicas de inovação, políticas públicas e qualidade de vida.

Tal abordagem partiu da compreensão de que a resiliência sócio climática não pode ser pensada apenas a partir da escala dos agroecossistemas, ou mesmo de práticas e técnicas de adaptação ou da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. “A resiliência efetiva é coletiva, territorial, social e ecológica”.

O seminário

Intercambiar e debater os aprendizados gerados nesse processo de capacitação e análise foi a tônica do seminário final. No primeiro bloco do evento foram apresentadas as sínteses dos principais resultados dos estudos. 

Depois de destacadas as peculiaridades ambientais e alguns principais efeitos das mudanças climáticas que desafiam cada uma das regiões (a exemplo de furações no Corredor Seco, enchentes no Gran Chaco e secas prolongadas e extremas no

Semiárido brasileiro), foram partilhados os padrões de transformação, observados a partir da análise dos 10 casos. 

A despeito da heterogeneidade entre as três regiões semiáridas e suas respectivas particularidades, o evento esteve voltado para refletir sobre os padrões comuns, sob o desafio de transformar os aprendizados em estratégias para superar os desafios comuns. 

Como destacou Gabriel Seghesso, membro da Plataforma Semiáridos e coordenador do DAKI – Semiárido Vivo na Argentina: é necessário “entender nossas diferenças, mas centrar no nosso potencial articulador entre Semiáridos para que possamos gerar escala na América Latina. Temos grandes forças que emergiram dos nossos estudos e que nos projetam. Somos capazes e potentes para transformar os Semiáridos da América Latina”.

Texto adaptado da relatoria de Cinara del’Arco Sanches/ASPTA. 

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